A Distante Estrela do Natal
Ariovaldo Cavarzan
Há um olhar esguelhado,
encantado e feliz, que,
da janela da sala de jantar,
busca no céu avistar
a distante estrela do Natal,
para com ela entender
as razões do bem e do mal.
Há também
um esguelhar assustado,
entorpecido de fome,
frio, sede e solidão, que,
mesmo sem nada entender,
busca entrever,
do rés do chão do seu viver,
entre andrajos, luzes, sujeira, fogos
e champanhe a espoucar,
o passar apressado
dos que têm
a bênção de
um lugar a chegar.
Há um soluço engasgado,
um coração apertado,
uma tristeza,
uma indignação,
uma carência de abraço,
de aperto de mão,
uma fome de afago,
de um pedaço de pão,
agitando a alma
e elevando ao céu
a mais pura emoção.
Jesus!
Que nasces, padeces e renasces
a cada dia, de cada ano,
entre humanas promessas
de Paz e de Redenção,
fazei que o espiar das pessoas
consiga entrever na distante estrela,
o que é despojamento e
solidão.
E que, por fim,
possam todos também vê-Lo
nos despossuídos
de qualquer lugar,
nos que sentem necessidade especial,
nos condenados a rastejar,
nos viventes em solidão,
esquecidos, desajustados,
sentenciados, abandonados,
mal amados,
e nos desagregados
do próprio lar.
Para que, afinal,
a cada novo Natal,
tenham guardado
em seu olhar esguelhado
e em seu coração,
a alegria da Mangedoura,
o martírio do Gólgota
e a luz da Ressurreição...
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